Por Leandro Stein - Trivela
Estava praticamente tudo certo para Jorge Almirón migrar ao futebol espanhol. Praticamente.
O treinador argentino se apalavrara com a diretoria do Las Palmas e o clube das Ilhas Canárias até havia anunciado de maneira preliminar a chegada do vice-campeão da Libertadores.
No entanto, surgiu uma ressalva: os Amarillos ainda aguardavam uma autorização da federação espanhola para confirmar o negócio. Almirón, em teoria, precisava de um certificado da Uefa ou de cinco anos atuando em primeiras divisões.
Não cumpria os requisitos, mas existia a confiança de que seria aberta uma exceção, como aconteceu em outras ocasiões recentes – a exemplo de Jorge Sampaoli ou Eduardo Berizzo. Contudo, desta vez a RFEF não cedeu o carimbo e Almirón terá que seguir sua carreira na América do Sul.
E em um clube de respeito. Nesta terça, o Atlético Nacional anunciou sua contratação.
Durante os últimos meses, os Verdolagas não foram felizes em sua escolha. Reinaldo Rueda deixou o Atanásio Girardot após conquistar o Apertura do Campeonato Colombiano e a Recopa Sul-Americana, mas sem entrar em acordo com a nova diretoria por sua permanência.
A aposta dos paisas, então, recaiu sobre Juanma Lillo, treinador famoso por ser uma das grandes inspirações de Pep Guardiola e que vinha trabalhando ao lado de Jorge Sampaoli no Sevilla.
Todavia, a lista de fracassos do espanhol como selecionador principal é considerável e, apesar de todas as expectativas de que sua filosofia se encaixasse à do clube, ele não emplacou no Atlético Nacional.
Sem empolgar na fase de classificação do Finalización, o time caiu nas quartas de final, eliminado nos pênaltis pelo Tolima. A deixa para que os dirigentes fizessem a troca.
Almirón vem referendado pelo ótimo trabalho no Lanús. Em um clube médio, sem grandes investimentos, o treinador conseguiu conquistar o Campeonato Argentino, a Copa Bicentenario, a Supercopa Argentina e ainda chegar à final da Copa Libertadores.
E, ao seu currículo, soma-se a maneira como a equipe vinha atuando: um futebol de posse de bola e postura incisiva, que se casa muito bem com o pregado durante os últimos anos no Atlético Nacional.
Depois do período vitorioso de Juan Carlos Osório e do salto competitivo com Rueda, os Verdolagas confiam em um novo nome para que possa seguir a herança. Curiosamente, outro estrangeiro, não um colombiano.
Vale dizer, entretanto, que a renovação do elenco atual também é delicada, com o time campeão continental em 2016 já bastante diluído. A reconstrução será uma das cobranças ao novato.
A trajetória de Almirón ainda está no início e não é feita apenas de sucessos, claro. De longa carreira no México, se projetou à frente de Defensa y Justicia e Tijuana, além de não ter aproveitado tanto a chance que recebeu no Independiente.
Assim, o Lanús serve de grande referência àquilo que se espera. E em um clube expressivo do continente, com condições ao menos de dominar os títulos do seu país, o argentino pode ganhar ainda mais renome através do Atlético Nacional.
A Supercopa da Colômbia, contra o Millonarios, será o primeiro desafio, ao lado da fase de grupos da Libertadores. Quem sabe para, enfim, conseguir o currículo que o permita treinar na Europa – até para assumir uma bomba menor que o Las Palmas.
Entre os técnicos argentinos que revelam suas capacidades, é um dos mais próximos de seguir o impacto de outros compatriotas no Velho Continente – em uma linha de frente ao lado de Marcelo Gallardo, Ariel Holan, Gabriel Heinze e Guillermo Barros Schelotto. Nomes a se observar.